terça-feira, 29 de setembro de 2009

um sofá


"A gente se entrega nas menores coisas.”

[Caio Fernando Abreu]

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

reticência


Hoje quero escrever. Não porque tive uma inspiração vinda de sei-lá-onde, nem porque algo aconteceu e quero usar as palavras para transmitir. Hoje quero escrever simplesmente pela necessidade que tenho de fazê-lo, pelo impulso forte que tenho de deixar palavras em algum lugar, marcando alguma coisa, mesmo que eu não saiba o que, ou porque, ou como isso irá acontecer por entre as palavras. Hoje sinto puramente a necessidade de tentar traduzir em palavras o amontoado de sentimentos que me invadem, arrebatando minhas ações com doses leves de paralizador na razão... Isso que enche o peito, impregna os pensamentos, que a gente não sabe o prazo de validade nem a quantidade de força que tem... Limitando ao sentir que existe, mas ainda não sabendo o que fazer com tanto. Logo se percebe que o ser humano é inquieto por instinto e 'não fazer nada' não é uma opção.



segunda-feira, 14 de setembro de 2009

carro


Letreiros acesos, pessoas chegando, gargalhadas, tilintar de copos, abraços, pessoas indo embora. Uma concentração intensa de pensamentos, de vozes, de euforia. Mas em meio ao rugir da noite eu podia destacar um som, um pulsar composto de duas melodias afinadas. Quando ele atingiu meus ouvidos eu sabia exatamente de onde vinha, meu olhar correu diretamente para a camada fria, escura e forte que protegia aquela música única que ali era composta. Eu senti saudades. Lembrei de que por dentro a camada era transparente, quente e mais forte do que qualquer um que estivesse do lado de fora podia imaginar.

Era exatamente ali que o tempo parava e ao mesmo tempo voava.