sexta-feira, 15 de outubro de 2010

ponto de corte


Naquele instante silencioso, mas cheio de palavras no ar, dispersas pela troca de olhares, ela sentiu que estava exposta, havia chegado o ponto da escolha... Mas ao invés de decidir ela apenas sacudiu os pensamentos e escolheu não pensar...
Entrou em casa já passava da meia noite, fez o caminho de sempre em direção ao interruptor da lâmpada, ao lado do espelho, mas diferente do de costume, ficou ali parada, diante de sua própria imagem... E como pensamentos voltam tão rapidamente quanto vão embora, os dela estavam todos diante dela e do espelho...
Ela ficou longos minutos analisando cada sentimento que lhe havia percorrido a mente e o corpo naquele instante. Medo, ela sentiu medo... Uma lágrima começou a se formar em seus olhos, vagarosa, tímida, foi ai que ela viu através do espelho seu imenso quadro de fotos, com apenas um sorriso a se destacar no retângulo azul, a lágrima se encolheu dando lugar a um sorriso que começou no olhar e se estendeu para os lábios, como que retribuindo o sorriso da foto...
E ela percebeu que não havia decisão a ser tomada, o que tivesse que ser, seria! A diferença é que agora ela sabe que tudo passa, de uma forma ou de outra.
Colocou o pijama e foi dormir pensando naquele sorriso, acho até que adormeceu com um sorriso nos lábios...


Um comentário:

  1. Elisa, olá!
    Uma ótima composição, esse breve texto. Quase identificamos a moça, descrita mais em seus traços psicológicos e sentimentais. Talvez fosse interessante você criar uma história completa, um pequeno conto, para que pudéssemos absorver melhor toda a sua grande capacidade criativa. Por este “take”, percebemos que você tem um grande talento com narrativas psicológicas. Expandir seria muito bem-vindo!
    Um abraço carinhoso
    Marcelo Bandeira

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